30 de agosto de 2014

Prenderam o Amor

Ninguém sabe ao certo
Mas de fato é verdade
prenderam o amor
na prisão mais segura do mundo!
na cela... na cela não!
numa gaiola, pois tratam o amor como bicho.
Comida? Água? Essa regalias?
Que morra de fome e sede!
Decretou o Juiz, que nem coragem de sentenciar logo pena de morte teve
De propósito queria-se que o amor sofresse, que o amor definhasse.
Que o amor pagasse por todos os crimes ...
Crimes?

E tá lá na cela vizinha o Ódio, que tem visitas aos fins de ciúmes.
E tá lá em outra cela o Preconceito que ainda escreve e recebe cartas dos pais
Estupidez e Arrogância, estes que por último entraram recentemente com um pedido de hábias corpus ...
Absurdo? Não, não, esse tirou férias.

Mas quando erguerem a bandeira vermelha
Eu quero é ver a rebelião.
Não sobrará pedra sobre pedra
Sequer uma telha
quando o amor queimar o primeiro colchão.

Últimas palavras do amor em confessionário:
 - Que culpa tive, se amei?

Diego Anderson M'M'

A voz

Vocês estão ouvindo a minha voz?
hein? tá? tá? alô som, um, dois, três ...
Não, acho que não sabe, vocês não estão ouvindo nada não
Pelo menos a minha voz não,
Não essa voz falada, essa voz que sai da boca ...
Porque já gemi muito sabe, é muita dor
Já chorei muito sabe, é muito desamor
Já gritei muito, ódio, pavor!
Já trintei os dentes, mordi a língua
derramei sangue sobre o asfalto todo
pintei de vermelho os muros brancos
pra quem sabe talvez, se enxergassem pelo menos o rubro

Eu vou ter que repetir novamente?
Vocês estão me ouvindo?
Não, ainda acho que não,
Já rasguei muito essas cordas
Aquelas, as vocais, das quais nem me lembro mais
se um dia tive ...
Esse microfone aqui? (risos)
Esse microfone aqui é pequeno! Perto dos gritos que eu dava!
Eu, já, rasguei, as, cordas!
E não venha me dizer que era corda fraca não, senhor.
Porque não era, nó não tinha, mas fraca não era.
Nó era o que eu queria desatar, e tem uma coisa, eu desatei, me livrei!

O problema sabe qual é?
É que vocês não estão me ouvindo!
Não essa voz falada, essa voz que sai da boca, rouca!
Eu tô gritando por dentro!!!
Eu tô morrendo por dentro!!!
Agonia, sofrimento, tormento!
Não aguento mais gritar e ninguém me ouvir, não aguento mais!

Mas eu só queria que vocês parassem de tentar me ouvir,
Essa voz falada, essa voz que sai da boca ...
E parassem pra entender
essa voz de dentro, que sai da alma
desalmada, partida, estraçalhada, INcontentamento!

Diego Anderson M'M'

5 de agosto de 2014

Poesia crua

Quando você sentir
que poesia é descrente
Não mede culpado ou inocente
Não se preocupa com o julgamento.
que na poesia nem tudo é prosa
que conta a dor de tanta gente
no caminhar dessa história.

Quando se der conta disso
eu te abraço meu amigo
venha pra cá venha, chegue mais,
vamos agora desmitificar!
Desendeusar essa poesia!
Que poesia é terra seca
é chão rachado, poesia é sol na testa
é calor da moléstia, é o cabra endiabrado.

Poesia é cangaceira nos moldes de Lampião
é a mãe que enterra a fome,
é cada família sem nome,
esquecida do interior do sertão.

Poesia não é burguesia
Poesia não é patrão
Poesia lava chão
fala cumê, se avexe e avia.
nem sempre é feliz
vive cheia de cicatriz
de um passado de cão.

Tô cansado dessa poesia de fingimento
De platonismo, de tingimento
Nem tudo é colorido
Nessa vida tem muito preto e branco,
Tem muito ar comprimido
Tem muito buraco fundo
E gente com medo do solavanco.

Poesia tá na mulher descriminada, vaiada.
tá no primogênito que não é viril
no tronco do negro açoitado
na história desse meu Brasil,
Brasil de brasileiros que esquecem
ou fingem esquecer,
que não repassam aos seus filhos,
e que querem um país, mas não fazem por onde merecer!

Diego Anderson M'M'