5 de agosto de 2014

Poesia crua

Quando você sentir
que poesia é descrente
Não mede culpado ou inocente
Não se preocupa com o julgamento.
que na poesia nem tudo é prosa
que conta a dor de tanta gente
no caminhar dessa história.

Quando se der conta disso
eu te abraço meu amigo
venha pra cá venha, chegue mais,
vamos agora desmitificar!
Desendeusar essa poesia!
Que poesia é terra seca
é chão rachado, poesia é sol na testa
é calor da moléstia, é o cabra endiabrado.

Poesia é cangaceira nos moldes de Lampião
é a mãe que enterra a fome,
é cada família sem nome,
esquecida do interior do sertão.

Poesia não é burguesia
Poesia não é patrão
Poesia lava chão
fala cumê, se avexe e avia.
nem sempre é feliz
vive cheia de cicatriz
de um passado de cão.

Tô cansado dessa poesia de fingimento
De platonismo, de tingimento
Nem tudo é colorido
Nessa vida tem muito preto e branco,
Tem muito ar comprimido
Tem muito buraco fundo
E gente com medo do solavanco.

Poesia tá na mulher descriminada, vaiada.
tá no primogênito que não é viril
no tronco do negro açoitado
na história desse meu Brasil,
Brasil de brasileiros que esquecem
ou fingem esquecer,
que não repassam aos seus filhos,
e que querem um país, mas não fazem por onde merecer!

Diego Anderson M'M'


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