30 de agosto de 2014

A voz

Vocês estão ouvindo a minha voz?
hein? tá? tá? alô som, um, dois, três ...
Não, acho que não sabe, vocês não estão ouvindo nada não
Pelo menos a minha voz não,
Não essa voz falada, essa voz que sai da boca ...
Porque já gemi muito sabe, é muita dor
Já chorei muito sabe, é muito desamor
Já gritei muito, ódio, pavor!
Já trintei os dentes, mordi a língua
derramei sangue sobre o asfalto todo
pintei de vermelho os muros brancos
pra quem sabe talvez, se enxergassem pelo menos o rubro

Eu vou ter que repetir novamente?
Vocês estão me ouvindo?
Não, ainda acho que não,
Já rasguei muito essas cordas
Aquelas, as vocais, das quais nem me lembro mais
se um dia tive ...
Esse microfone aqui? (risos)
Esse microfone aqui é pequeno! Perto dos gritos que eu dava!
Eu, já, rasguei, as, cordas!
E não venha me dizer que era corda fraca não, senhor.
Porque não era, nó não tinha, mas fraca não era.
Nó era o que eu queria desatar, e tem uma coisa, eu desatei, me livrei!

O problema sabe qual é?
É que vocês não estão me ouvindo!
Não essa voz falada, essa voz que sai da boca, rouca!
Eu tô gritando por dentro!!!
Eu tô morrendo por dentro!!!
Agonia, sofrimento, tormento!
Não aguento mais gritar e ninguém me ouvir, não aguento mais!

Mas eu só queria que vocês parassem de tentar me ouvir,
Essa voz falada, essa voz que sai da boca ...
E parassem pra entender
essa voz de dentro, que sai da alma
desalmada, partida, estraçalhada, INcontentamento!

Diego Anderson M'M'

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