10 de novembro de 2013

Inspiração de águas

Muitas são as facetas, esquinas da vida
muitos são os motivos das vindas e idas
Olhares perdidos, olhares famintos
abraços raros, amores extintos.

Poucas são as verdades inventadas
mitos, paraquedas, aves alvejadas
Bocas secas, bocas selvagens
lembranças de meras imagens.

E todos se esquecem, se perdem,
se esvaindo no correr do vento
em um por de sol cinzento
as mentiras que os precedem.

E as velas acessas, em prece
as velas postas em breve
seguem rumo, segue o barco
nessas desprezadas águas de março.

Diego Anderson M'M'


3 de novembro de 2013

E pra você ...

E pra você eu guardei ...
Não, pera, não guardei
não havia o que guardar
eram outras ideias
outros tempos
perdidos nos momentos
das lágrimas de amélias.

E pra você eu dei ...
Não, não dei
e até havia o que dar
mas preferir acomodar
nas costas escorar
tamanha dor
que esse amor
não foi capaz de suportar.

E pra você ...
Não, pra você mais nada
não resta uma lasca
uma derradeira lástima
Você se perdeu entre
o passado ligeiro
das lembranças passageiras
das memórias sorrateiras

E pra mim ...
reservei o futuro.

Diego Anderson M'M'

28 de outubro de 2013

Das madrugadas

Nas madrugadas da alma que o sol se faz poente
fim de tarde, descanso livre, eloquente.
Nas manhãs que o tempo me permiti
seguir a vida sem nenhum limite
Visualizar nas noites o mundo de gente
que almejam mentes pensantes, corpos viventes
alguns amantes, outros meros errantes
Numa sociedade frívola eminente
de cavalos sem dentes, cinema mudo
não pare, não pense, viva rebeldia
siga rumo, engula inventos
digira cumprimentos
E cague tudo! Em formato de poesia.

Diego Anderson M'M'

27 de outubro de 2013

Vende-se

Vende-se porções de amor
um tantinho assim
que cabe na palma da mão
e funcionam mesmo
não trazem dor
não tem contra indicação
deve-se tomar todo dia
cultivar como um jardim
aquele à quem se quer bem
e talvez quem diria
que até depois do fim
pode-se amar o mesmo alguém.

Diego Anderson M'M'

1 de outubro de 2013

Vida

Não é um banquete platônico, pois a carne é fraca e está bem servida aos que salivam. Longe da pureza, os movimentos desarmônicos provocam sudorese, e a explosão de feromônios materializam a tentação em sua mais viril forma. Aniquilando qualquer sentimento mais nobre, sucumbindo a existência humana ao tato físico, dando jus ao adjetivo de mundana e distanciando-nos da essência de que tanto usamos para justificar nossa superioridade evolutiva: a alma. No ponto somos todos animais guiados pelo único extinto verdadeiro que rege todos os outros: sobrevivência.

Diego Anderson M'M'

28 de setembro de 2013

Por enquanto

Tanta felicidade, que chora
Tanta maldade, que esnoba
tantos porquês que se esqueceu
de viver o transparecer da leveza do ser.

Tantos sorrisos, que fingidos
Tantos amores, que iludidos
tantos pudores que se esqueceu
de aproveitar a nudez sob a luz do luar.

De tanto de você, enjoei
De tanto de mim, renovei
O tanto de nós se perdeu,
Você fez de mim pranto e
eu te respondo com "entretantos"
seus pedidos de desculpas esfarrapados
junte seus trapos, procure seu canto.

E é apenas isso, por enquanto.

Diego Anderson M'M'

22 de setembro de 2013

Meados do ano passado

Os laços que antes entrelaçados
por meados do ano passado
agora desatados, desfragmentados
esquecidos e abarrotados por sobre
suas memórias já tão sofridas,
Esquecidas mas não desmerecidas
montam um castelo de que antes
abrigava com carinho seus amantes,
ninho de amores e terrores
as lembranças machucadas
de uma pele rasgada e um coração em vão.


Diego Anderson M'M'

17 de setembro de 2013

O primeiro

Sou a vida
A vida que passa entre gozos fingidos
e peles nuas, cruas de curvas robustas
de passagens, corpo morto, sem vida.
A vida que se recicla, se consome, se repudia
a vida que se renova a cada renascer do dia
A vida tatuada no útero da puta esquecida,
criada e marginalizada pela própria vida
Vida que se esconde na penumbra e na revolta
e se revela nas imundices da moda, moda modinha
que manipula, que ri na tua cara sem personalidade
que dita a tua idade e priva sua maturidade
Ah a vida ...
Vida minha
Vida tua
juntas e separadas
com o tempo coadjuvante
vida sem escrúpulos, infame
que ceifa minha imortalidade carnal
transforma em pó, em chorume
que me enxerga como um animal
um nada, um monte de estrume
Vida que todos têm, e que ao mesmo tempo
não é de ninguém.

Diego Anderson M'M'

15 de setembro de 2013

Vertentes

E se eu te perguntasse:
- Empirismo ou Racionalismo?
O que me diria, escolheria, defenderia?
Seria de um lado a experiência, o tato, as circunstâncias
E de outro a razão, o pensamento, livre de qualquer enganação ou sensação.

Você seria um ponto, uma interrogação?
Seria luz, movimento, som ou premeditação?
Espaço, fluidez, esse misto de timidez e sensatez?
Você seria matemático, físico, calculado e decidido?
Permutaria entre isso e aquilo? Achado e perdido?

São indagações que se estendem por uma noite adentro, por troca de olhares e leituras labiais ... são respostas aos poucos colhidas nas entrelinhas das curvas do seu rosto. E ao amanhecer, um sobre o outro, provavelmente teríamos a conclusão que ambas as vertentes são verdadeiras, contraditórias e complementares. O mundo não somente gira, ele vaga, ele para em alguns leves segundos, ele acelera, ele pulsa.

Diego Anderson M'M'

29 de agosto de 2013

Sentimento


Canção por Priscilla Sousa -

Um mapa, um norteamento
um tesouro, enterrado sentimento.
blá blá blá blá ...
rotina...
foto sem cor
caminho sem amor
poeta sem acalento.

Diego Anderson M'M'

25 de agosto de 2013

Quem sou eu para falar de amor?
Quem sou para ousar amar?
Um simples poeta, novato escritor
que se perde toda vez em teu olhar.

Não sei entender o amor
Não sei bem para que veio
Só sei que perto do seu calor
sua boca é tudo que anseio.

Diego Anderson M'M' 
em 'trecho de poesia'

28 de julho de 2013

Não me recordo de muito, talvez de praticamente nada. A essência que alimentava essas escritas se extinguiu, ou vagueia perdida entre as cinzas. E eu te amo.

29 de abril de 2013

Porquê?


O que é que você tanto tem
que inegavelmente me seduz?
Talvez esse olhar, meu bem?
Essa cor, essa luz?
O que é que você tanto tem
que implacavelmente me rende?
Esse teu cheiro tão iminente?
Tua pele que a mim convém
pensamentos indecentes...

Ah meu amor, me diz
me explica, me ajuda
como pode tamanha criatura
me despertar tantas loucuras
como um jovem aprendiz
perdido diante tuas curvas,
Esse olhar morto,
esse cabelo enrolado.
Sozinho não entendo meu amado
como me fisgou o coração
roubando as palavras
emudecendo-me a razão

O que é que você tanto tem?
Ou o que seria que eu tanto queria ter?
Ou o que seria que eu tanto queria que nós dois tivéssemos? ...

Diego Anderson M'M'

22 de março de 2013

Poesia ao poeta

A poesia nos consome,
nos seduz
nos deduz
nos desnuda
mesmo sendo ela
cega, surda e muda.

A poesia não tem nome
não chora, não ama,
não passa fome.
A poesia não sofre
não lembra, não morre.

A poesia é amada,
é glorificada
é lida. sentida, vivida.
E o poeta?
Ah poeta ...

Diego Anderson M'M'

15 de fevereiro de 2013

Sorrisos caem na cidade triste

Hoje acordei. Como de costume fiquei meus três a cinco minutos deitado lembrando do último sonho, entretanto nada me vinha em mente, estava vazio, estava tudo vazio, e o silêncio ao poucos foi sendo silenciado pelo barulho da chuva lá fora. Olhei pela janela, e as gostas de chuva caiam, esbarrando-se no vidro e escorregando, descendo, descendo. Você sabia que as gotas de chuva pulam de para-quedas? Sim, elas pulam, e ao avistarem os primeiros arranha céus libertam-se em queda livre, nada de para-quedas. Todas elas anseiam o impacto. E lá estavam, esmagando-se no vidro da minha janela, sorrindo pra mim, e no sorriso tinha escrito: "Vem aqui pra fora, vem sorrir com a gente, vem molhar".
E por um momento eu pensei se iria, sorri. Acho que sorri por poucos segundos, mas foi o suficiente para encher-me de ânimo e encarar mais um dia de rotina, de trabalho, de pessoas, de barulho de trânsito, de escritório, de correria, de imprevistos, de cansaço. E ainda mais ter que encarar tudo isso com essa chuva que praticamente ninguém gosta pela manhã. Rendi-me ao costumeiro e meio que atrasado desisti de molhar com as gotas. Molhei no chuveiro, com as gotas tristes presas nos encanamentos, trancafiadas nas teias da cidade de pedra, nos labirintos do maquinário. Mais um dia inicia-se, com chuva pela manhã.

1 de fevereiro de 2013

Passarinho

Hoje ando passarinho sem pouso, sem ninho. Pra uns voando perdido, já para outros estou de caso com a liberdade, e ainda há aqueles que afirmam minha cumplicidade com a libertinagem vejam só! Bem, não me importo, não me importo ao certo. Bom mesmo é sentir o vento sob minha asas, rasgar os horizontes. O som do ar, a brisa do mar e as cores das nuvens quando tocadas pelo pôr-do-sol. Até agora não anoiteceu, nunca anoitece no meu mundo de passarinho, apenas chega a tarde e amanhece novamente. Quando a noite chegar será o aviso de que você chegou e reestruturou meu ninho, e me convida lá de baixo para deitar sobre seu peito, como minha mãe fazia em outrora, quando eu criança nova ficava até tarde (e naquela época tarde eram suas inocentes 19 horas) na rua. Um dia eu volto pro ninho, sei que volto ... ou não, talvez o ninho que antes era já não exista mais ... infelizmente não. 

Diego Anderson M'M'