uma faísca que seja
circundam-me em lentidão
você teve de mim
aquilo que merecia
por mais que não o suficiente
pare e perceba, note, veja
mergulhe um pouco em sua mente
desbrave seus segredos mais tardios
revele seus pensamentos mais vadios
encare-os, reflita-os, e se precisar, derrote-os
Não julgue-me pelo seu erro
não se perca em suas atitudes
daquele sombrio enterro
restam nossas flores em miúdes
Uma, duas, até mais doses
todos choram nossas mortes
Num tempo que amar era pecado
eu te levantei, te proclamei meu amado
para que todos escutassem.
Se não era o certo, talvez o errado
se não fosse o momento, talvez o inesperado
tão quanto te amei, me amaste
tão quanto te odiei, me odiaste
tão quanto somente fui teu
tão quanto somente foi meu
de todos que pude sentir, provar
você foi o mais doce sabor
sentido, fluído, livre a voar.
Entrelaçava-me em seus braços
Perdia-me em nossos amassos
Encontrava-me nos acasos
de um amor inconstante
inflamável, imperdoável
sufocante, penetrante
insolente, ardente
preso nas vertentes
de passados e presentes
onde o futuro se escondia
atrás da mentira mais escorregadia.
Quanto tempo passei ao teu lado
Perseguindo uma ilusão passageira
escrevendo roteiros, trincando espelhos
Dúvidas surgiam a cada passo
prevendo aquele trágico fracasso
e um futuro costurado por besteiras.
Segue em mim a definição
da incerteza, do sim, do não
do concreto: o corpo, a carne, o resto
do surreal: o espírito, o ideal, o mito.
E do "eu te amo" tantas vezes pronunciado
sobraram as lágrimas, papéis amassados
fotos rasgadas, jogadas, perdidas
Você me disse: melhor assim, é apropriado
esquecer, tatuar no passado
como se nossas vidas
fossem apenas tintas
a marcar uma pele sofrida
uma pele que não esqueceu
de quando, por ti, era tocada
uma pele que sofreu
e que chora com sua partida
e que sorri com sua chegada.
Diego Anderson M'M'
Que lindo!
ResponderExcluir